RETROSPECTIVA DA CIDADE DE MOCOCA-SP
RETROSPECTIVA DA CIDADE DE MOCOCA-SP
Rio de Janeiro, quinta-feira, 7 de outubro de 1886.
Neste dia, a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal impresso em terras brasileiras, anunciava que as ruas da "Villa de Mocóca" seriam iluminadas por luz elétrica através de postes.
Escolhi essa matéria como forma de celebrar os 169 anos de Mococa para refletirmos o quanto nossa cidade progrediu desde então. E sobretudo, a relevância do município desde seu início por estampar seu nome em um dos jornais mais veiculados no Brasil daquele período. Já era um prenúncio que tudo ocorreria bem.
O que para nós pode parecer algo simples, como falar sobre luz, para os mocoquenses do século XIX a implementação dos postes significava dignidade como cidadãos e, consequentemente, o progresso de uma vila que ganhava cada vez mais cara de cidade.
Rodeados por "mocoquinhas", ruas de paralelepípedo, morros, fazendas, casarões e pontos turísticos, cabe aqui dizer o privilégio em ser natural de local que foi imprescindível para a economia brasileira com suas lavouras de café. Lugar que com toda a certeza pode ser interpretado como berço de parte da história de um país que começava a se entender como independente e não mais como colônia portuguesa.
Que com o mesmo entusiasmo da chegada da luz elétrica, continuemos comemorando nossa história e o progresso em ascensão.
No dia do trabalhador, primeiro de maio, do ano de 1919, foi fundado o Radium Futebol Clube.
O time foi constituído a partir da mescla entre o Mocoquense Futebol Clube e o Operário Futebol Clube.
Popularmente chamado por "Verdão da Mogiana" devido às cores verde e branca do seu escudo e pela Estrada de Ferro Mogiana, Radium recebeu este nome através de um palpite do esportista Pedro Daniel como forma de mencionar o elemento químico "Rádio". Este, que havia sido descoberto por Marie Curie, era conhecido por ser reluzente e potente, características dignas para um time de futebol.
Ao longo de sua trajetória, o time conquistou feitos importantes como o título do Campeonato Paulista da Série A2 em 1950, 8° lugar da Primeira Divisão A1 do Campeonato Paulista de 1951 e uma vitória por 3 a 2 sobre o Palmeiras no ano seguinte.
Em 2013, o Radium Futebol Clube realizou sua última partida pela Segunda Divisão, da qual foi derrotado por 6 a 0 pelo Pirassununguense.
O Estádio São Sebastião, sede do respectivo time, além de ter sido um ponto turístico da cidade, foi palco de sorrisos e lágrimas, momentos felizes e tristes. Entre vitórias e derrotas, o Verdão da Mogiana foi motivo de orgulho entre os cidadãos, como também eternizou memórias que atravessam gerações.
Lembra de algum jogo que foi marcante para você? Conte sua experiência nos comentários.
O Teatro Municipal completa 100 anos em 2025. A edificação do prédio ocorreu sob influência do fotógrafo Delfino Bonara, e dos comerciantes Francisco Maglioca e Francisco Cucci.
A princípio, o local se dedicava, na sua maior parte, à sétima arte. Entretanto, no ano de 1975, quando o espaço se tornou de domínio da Prefeitura Municipal de Mococa, foi restaurado para que pudesse tomar forma de teatro exclusivamente.
Dessa forma, em 1981, sob governo do prefeito Luiz Gonzaga Amato, o Cine Theatro Municipal teve seu nome alterado para Teatro Municipal.
A arquitetura do local tem traços do neoclassicismo, que possui como principais características a construção de colunas e demais detalhes feitos de forma assimétrica.
Atualmente o Teatro Municipal recebe, para além de peças de teatro, concertos musicais, apresentações artísticas e demais eventos.
O Teatro Municipal simboliza para nós cidadãos mocoquenses história, cultura, arte e orgulho, já que é um privilégio a presença de tal construção em nossa cidade.
Em meados de 1870, as principais lavouras de café brasileiras migraram do Vale do Paraíba para o Oeste Paulista. Neste período, o café se consolidou como principal produto de exportação devido ao mercado consumidor internacional que progredia rapidamente.
A escolha pelo interior do estado de São Paulo se deu principalmente pela terra roxa, ou seja, a terra fértil presente nestas áreas que colaboravam com a produção cafeeira.
O interesse pelo café influenciou no surgimento de máquinas agrícolas e técnicas mais modernizadas de plantação.
O auge do produto colaborou para o desenvolvimento econômico do Brasil como também evidenciou um novo grupo social, a elite cafeeira. Essa comunidade era liderada pelos barões de café, os donos das lavouras.
Como forma de demonstrar poder em consonância com o processo de urbanização, muitas cidades onde o café era a principal fonte de renda tiveram e ainda tem casarões, com um belíssima arquitetura, que foram construídos para moradia dos barões de café.
E com Mococa não é diferente.
Ao redor da Praça da Matriz, como carinhosamente é referida, podemos ver inúmeros casarões que além de embelezarem o espaço, simbolizam boa parte da história e do desenvolvimento político, social e econômico de Mococa.
Em 2025 a fábrica Mococa, edificada sob iniciativa de Izabel Barreto, completa 106 anos. Quando criada, a marca apenas fazia manteiga artesanalmente, entretanto, em meados de 1930, Mococa se estendeu para o ramo industrial.
Com o passar dos anos, a marca ia progredindo e conquistava inúmeros feitos. Dentre elas, a primeira marca brasileira a atuar na fabricação de leite em pó no ano de 1956. Em 1958 também foi pioneira em fabricar leite condensado na embalagem Tetra Pak. Já no início da década de 90 se expandiu para além das fronteiras nacionais.
Mococa representa qualidade pelos seus produtos, mas principalmente é motivo de orgulho por levar em seu progresso o nome da nossa cidade.
A imagem mostra o grupo de alunos do 1° ano do Grupo Escolar da Escola Estadual Barão de Monte Santo do ano de 1929.
Em 1879 deu início a construção, sob doação de Gabriel Garcia de Figueiredo, do prédio que em 1901 recebeu o nome de "Grupo Escolar de Mococa".
A arquitetura do espaço flerta com os ideais do período da República daquele momento, que tinham como objetivo embelezar as cidades e torná-las símbolo de desenvolvimento em ascensão.
Foi em outubro de 1906 que o espaço escolar muda de nome e começa a se referir como Grupo Escolar Barão de Monte Santo, como forma de agradecimento a Gabriel Garcia de Figueiredo pela doação do local.
A escola representa beleza, cultura e história para a cidade de Mococa. E para além disso, cumpre uma das tarefas mais preciosas para o município, a educação e ensino dos seus cidadãos.
Na virada da década de XIX para XX, Mococa, que possuía em média 14 mil habitantes, demonstrava que precisava de infraestrutura voltada para a saúde da população.
O prédio destinado para construção era anteriormente do Colégio das Freiras, que foi deixado como forma de doação para fins de caridade.
A responsável por deixar relatado em testamento foi a enfermeira Carolina Emília de Figueiredo, que deu origem ao nome do hospital, Santa Casa de Misericórdia D. Carolina de Figueiredo.
O local, arquitetado pelo engenheiro Gherardo Bozzani, teve sua inauguração no dia 4 de dezembro do ano de 1911, e possui referências arquitetônicas de movimentos como o barroco e classicismo.
38 anos depois, em 1949, era celebrada a chegada da maternidade no hospital. O espaço foi nomeado "Anita Costa", viúva de Fernando Costa, o responsável pela disponibilização do dinheiro pra a edificação da maternidade. Já em 1952 ocorreu a inauguração da capela do hospital destinada a Santa Isabel.
Em tempos onde muitos optam por irem aos shoppings para assistir filmes ou escolhem a praticidade dos serviços de streaming (Netflix, Amazon, HBO Max), ter um cinema de rua na ativa é sinônimo de história, cultura e resistência.
No dia 18 de abril, o Cine Mococa completa 66 anos desde sua inauguração e se consolida como destaque, tanto a nível regional quanto nacional, pelo seu funcionamento, estrutura e qualidade.
O local conta com um telão de 18 metros e possui 450 lugares.
Pode-se dizer que o Cine Mococa é um dos grandes símbolos da cidade, pois da mesma forma que conta histórias, ele também faz história.
PARÓQUIA DE SÃO SEBASTIÃO MOCOCA
O Brasil da virada do século XIX para o XX ficou marcado pelo avanço das lavouras de café e o monopólio do produto que se tornaria uma das maiores riquezas do país. Consequentemente, com o destaque que conquistaram tanto a nível nacional quanto internacional, muitas cidades brasileiras produtoras de café decidiram investir no embelezamento de seus territórios.
A visibilidade de tais cidades influenciou a construção, por exemplo, de praças, igrejas e escolas. E com Mococa não foi diferente.
Em 1846 ocorreu a edificação da primeira igreja da cidade em homenagem à São Sebastião, a "Matriz Velha". Entretanto, conforme Mococa ia ganhando destaque devido à produção cafeeira, surgiu o desejo de implantar reformas na igreja com o objetivo de embelezar o espaço. Posto isso, 50 anos depois, em 1896, era celebrada a repaginação arquitetônica da Igreja Matriz.
O nome de destaque da pintura do local foi Elia Napoli, originário da Itália que chegou até Mococa devido ao grande fluxo migratório em razão do café. Napoli, com técnicas sofisticadas, conseguiu exprimir nas paredes a beleza e profundidade da arte sacra.
Atualmente, a Igreja da Matriz, localizada na Praça Ademar de Barros, no centro de Mococa, pode ser considerada um dos maiores símbolos culturais, históricos e arquitetônicos do município.
Além da celebração da cidade de Mococa, o mês de abril também marca o aniversário de 62 anos da inauguração do Mercado Municipal, carinhosamente chamado de "Mercadão". A festividade, que aconteceu no ano de 1963, foi marcada pela vinda do então Presidente da República João Goulart, conforme mostra a primeira foto. Além dele, também marcou presença o empresário e Engenheiro Agrônomo Renato Costa Lima, mocoquense e Ministro da Agricultura do governo de Goulart entre os anos de 1962-1963. Atualmente, o Mercadão conta com 24 comerciantes, 31 boxes na área interna e 16 boxes na área externa. É um espaço que reflete a multiplicidade de produtos da economia municipal, movimenta a economia da cidade e é sinônimo de cultura, lazer e história para os mocoquenses.
"Olhem para essas mocoquinhas".
Essa foi a frase dita pelo Capitão-mór Custódio José Dias em meados do ano de 1844 para se referir às pequenas casas do povoado de São Sebastião da Boa Vista, que posteriormente se tornaria a cidade de Mococa. Dias usou "mocoquinhas" para se referir ao local, uma vez que Mococa, em tupi guarani, tem significado semelhante à "casa de pequeno esteio", "casa pequena".
Cabe lembrar que o nome "São Sebastião" se deu devido ao padroeiro do lugar, São Sebastião (conhecido como protetor do combate às guerras, fome e epidemias). O santo continua sendo celebrado pela cidade de Mococa e seu dia é comemorado em 20 de janeiro, feriado municipal. Além do povo mocoquense, São Sebastião também é padroeiro de cidades como Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.
O ano de fundação de Mococa é considerado 1856, entretanto, apenas 17 anos depois, em 1873, que o território é emancipado. De 1857 a 1870, Mococa era uma freguesia, de 1871 a 1874 foi considerada uma vila, até que em meados do ano de 1875 se tornou cidade.
Com relação aos fundadores de Mococa, vale citar Diogo Garcia da Cruz, José Christóvão de Lima, José Pereira dos Santos, Venerando Ribeiro da Silva e Gabriel Garcia de Figueiredo, o Barão de Monte Santo. Nomes dos quais ficaram conhecidos por serem pioneiros no desbravamento do território.